Info Atualidade (419)

FALECIMENTO DO PROFESSOR ALBERTO ARAÚJO

Por: Maria Dovigo.

É com profundo pesar que, como delegada em Lisboa, comunico em nome da AGLP o falecimento do professor Alberto Araújo, presidente da direção da Associação Timorense e da Plataforma PISCDIL-Plataforma Internacional da Sociedade Civil da Diáspora Lusófona.

Conheci o professor Alberto em 2011, com motivo da apresentação pública do protocolo entre a Pró-AGLP e o MIL-Movimento Internacional Lusófono na sede desta última associação em Lisboa. Fui então convidada por ele a participar nas comemorações do décimo aniversário da independência de Timor-Leste em 2012 com a conferência “Galiza e a sua língua no contexto europeu”, celebrada na Universidade Lusófona de Lisboa em novembro daquele ano. Colaborei com ele na fundação da Plataforma PISCDIL-Plataforma Internacional da Sociedade Civil da Diáspora Lusófona e na realização do primeiro congresso da plataforma, celebrado na Academia de Ciências de Lisboa, em novembro de 2015, onde nos reunimos pessoas das diásporas de todos os países da CPLP e outros territórios lusófonos, como Damau e Diu, Goa, Malaca e Galiza.

Inumeráveis são as ocasiões em que nos encontramos em diversos foros da sociedade civil sobre a lusofonia, o que me permitiu desfrutar do seu testemunho vivo sobre a memória recente de Timor-Leste, a ocupação indonésia e a resistência, e a importância das diásporas no processo de independência. Ouvi também o seu testemunho sobre a importância da lusofonia e da língua portuguesa para a sociedade timorense e, sobretudo, a sua visão das diásporas como reservas de pensamento, espaços de alianças da sociedade civil e focos de ação para construir um mundo mais justo.

Agradecemos ao professor Alberto não só a generosidade com que partilhou o seu conhecimento da história viva, como o entusiasmo incansável com que nos chamava para a importância da sociedade civil e das diásporas na construção de um mundo mais fraterno e a partilha da sua ideia para o futuro da lusofonia em que a sociedade galega deveria estar necessariamente presente.


 

Ler mais ...

FALECIMENTO DO EMBAIXADOR ANGOLANO LUÍS DE ALMEIDA

Com enorme consternação tomamos conhecimento da infeliz notícia do falecimento do Embaixador Luís de Almeida, no dia 12 de agosto.
Decano dos diplomatas angolanos com uma carreira de sucesso, foi determinante o seu papel na luta pela independência nacional. Tendo exercido o cargo de Embaixador da República de Angola em diversos países, destaca o seu contributo durante o período em que representou Angola junto da CPLP, de 2014 a 2018. Nessa etapa foram decisivas as suas gestões, como representante da República de Angola, a favor da candidatura da Academia Galega da Língua Portuguesa, para a concessão da categoria de Observador Consultivo desta organização internacional.
O Presidente da AGLP, e o conjunto dos académicos galegos, manifestam o seu pesar e solidariedade para com a família, os amigos e as Autoridades Angolanas por tão inestimável perda.

Ler mais ...

PAULO SORIANO, NOVO MEMBRO CORRESPONDENTE DA AGLP

José Paulo Soriano de Souza é um amigo. Sobre todo, um amigo. É não é qualquer amigo, mas um amigo que reúne quatro qualidades importantíssimas para aqueles que estamos na trincheira da defesa da nossa língua desde pressupostos reintegracionistas que é como dizer desde os critérios nos que se sustentou o galeguismo  desde que este tem memoria de ser o movimento defensor dos direitos linguísticos, políticos e sociais da Galiza e dos galegos. São essas quatro qualidades, as seguintes:
Paulo é brasileiro, portanto, para alem de amigo e irmão no pessoal, também é amigo e irmão no nacional. Sabido é que Brasil é o nosso baluarte que é como dizer o nosso muro de contenção e uma dessas Galizas espalhadas pelo mundo cheia de nomes galegos do que falava Castelão. Mas se não chegar com ser brasileiro, também é um brasileiro consciente de ser um homem sabedor de a matriz da sua língua estar nesta parte do Atlântico e neste norte peninsular ibérico que viu nascer o seu verbo, o verbo com o que ele pensa, ele vive, ele ama, ele aprofunda na realidade do mundo físico e espiritual, ele educa os seus filhos e ele exerce o seu labor quotidiano que lhe fornece de sustento para a sua pessoa e para os seus. Essa realidade de brasileiro e de galeguista consciente faz de ele uma pessoa muito importante para qualquer galego de bem que esteja a pelejar no dia-a-dia por esta língua comum que nos une, que nos identifica e que precisa de energia vital para caminhar orgulhosa neste mundo proceloso de concorrências e de ditaduras darwinistas. Por si mesmas, estas duas qualidades já fazem do nosso irmão Paulo uma pessoa muito importante para nós, galegos. 
Mas falamos de quatro qualidade e por enquanto toca nomear as seguintes, a terceira e a quarta que não são menos importantes para termos Paulo connosco nesta defesa desta bela flor do Lácio, como ele nos lembrou no seu artigo sobre Olavo Bilac publicado no nosso blogue Desperta do teu Sono “Desabafo” e como nos revelou em outro artigo no que se mostrava como um sincero defensor da unidade linguística de todo o português universal, incluindo as falas galegas dentro deste nosso mundo, "Uma atitude razoável".

Como o leitor pode ter imaginado já, Paulo tem a vocação literária manifestada em varias publicações tanto em papel quanto virtuais. Eis a sua terceira qualidade, que ele foca fundamentalmente no seu fazer artístico  relacionado com os contos de terror e contos fantásticos que desenvolve com habilidade e com uma boa dose de virtuosismo em varias sites que dirige e nas quais inclui trabalhos seus. São estas:

https://www.contosdeterror.site/https://www.litteratus.site e  https://triumviratus.weebly.com, sem esquecermos os seus contributos no Portal Galego da Língua como articulista vinculado à literatura allanpoeiana (https://pgl.gal/author/paulo_soriano/).  

No que diz respeito das publicações em papel queremos pôr em destaque o seu labor, quer como autor, quer como coautor, quer como cotradutor os seguintes trabalhos: Olhares em Pernambuco (Recife, 2007), Histórias nefastas (Rio de Janeiro, 2008), Irmandade das Sombras (Rio, 2008), Mestres do Terror (Santiago de Compostela, 2010), Sociedade das sombras (Belo Horizonte, 2011), Contos galegos (São Paulo, 2013), A Irmandade (Rio, 2013). e A Voz dos Mundos (Compostela, 2015), esta última em colaboração com o nosso também amigo e companheiro académico da AGLP, o galego Valentim Rodrigues Fagim e nas que podemos distinguir narrações que pões em lugar preeminente a Galiza ou a vontade de incluir elementos literários relacionados com a tradição mitológica, lendária ou imaginária galega. 
O seu labor literário levou-o a receber vários prémios como o VII Prémio literário Asabeça (Rio, 2007), I Concurso literário Contos Grotescos-Prémio Edgar Allan Poe (Rio, 2010) e o prémio do certame “Brasília é uma festa” (Brasília, 2012). 
Finalmente, a quarta qualidade de Paulo a respeito da sua atividade é a sua vinculação laboral ao Direito, à jurisprudência e à advocacia tanto privada quanto publica e de Estado. O Doutor Paulo Soriano formou-se na Faculdade de Direito na Universidade Federal de Pernambuco acabando os seus estudos em 1988. A partir do ano seguinte foi Procurado do Estado de Bahia até 2000 ocupando vários cargos em Comissão, como Procurador Chefe da Representação Especial da Procuradoria Geral do Estado na Secretaria da Segurança Pública; Procurador Chefe da Representação Especial da Procuradoria Geral do Estado na Secretaria de Educação; Procurador-Chefe do Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária – IPRAJ e Procurador Assessor Especial do Procurador Geral do Estado. Alias exerceu como Representante da Procuradoria Geral do Estado no Conselho de Administração  da Universidade Estadual de Feira de Santana, da Universidade Estadual  de Santa Cruz, do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia e do Departamento Estadual de Trânsito, mas também foi Membro do Conselho Superior da Procuradoria Geral do Estado. Desde 2000 o seu exercício laboral inclui Cargos em Comissão exercidos como Procurador-Chefe Substituto da Procuradoria da União no Estado da Bahia;  Assessor do Procurador-Chefe da Procuradoria da União no Estado da Bahia e  Coordenador da Coordenação Pró-ativa e Probidade Administrativa. mas para alem do exercício como funcionário do Estado em matéria legal também exerceu o magistério como Professor da Cadeira de Direito Administrativo Disciplinar e Direito Constitucional da Academia de Policia Civil do Estado de Bahia entre 1995 e 2008, Professor das Cadeiras de Instituição de Direito Publico e Privado, Direito Civil e Direito Ambiental na Faculdade de Salvador de Bahia entre 2004 e 2014, Professor da Cadeira de Instituições de Direito Publico e Privado do Instituto Baiano de Ensino Superior entre 2004 e 2006 e Instrutor de Direito Civil do Centro de Estudos Vitor Nunes Leal desde 2003. 
Eis a apresentação do Doutor José Paulo Soriano de Souza, nascido em agosto de 1962 no Estado de Bahia e dentro dele na cidade de Itabuna, que na língua tupi significa pedras pretas partidas (de ita “pedra” + aba “partir”, “quebrar”+ una “preto/a”), a mesma cidade onde nasceu o grande Jorge Amado. A honra que a Academia Galega da Língua Portuguesa tem de tê-lo como académico correspondente no Brasil é grande. Um brasileiro amante e consciente da sua língua, amante da Galiza, apoiante do reintegracionismo linguístico, literato praticante da melhor literatura allanpoeiana do seu país e jurista profissional assim com professor de direito na Universidade brasileira é para a Academia um grande valor. A grandeza do irmão Brasil faz-se humana na grandeza do nosso irmão Paulo. Bem vindo. A Galiza abre os seus braços ao nosso novo académico correspondente. Temos trabalho a fazer, e faremos.

Ler mais ...

SAMUEL F. PIMENTA, NOVO MEMBRO CORRESPONDENTE DA AGLP

Samuel F. Pimenta é poeta e escritor. Nasceu a 26 de Fevereiro de 1990, em Alcanhões, Santarém. É licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. É autor dos romances O escolhido (2009), Os números que venceram os nomes (2015) e Iluminações de uma Mulher Livre (2017) e dos livros de poesia O relógio (2013), Geo Metria (2014) e Ágora (2015), livro galardoado com o IV Prémio Literário Glória de Sant’Anna 2016, galardão anual destinado ao melhor livro de poesia dos países e regiões de língua portuguesa. Em 2019, com Ascenção da Água ganhou o Prémio Literário Cidade de Almada. Colabora com publicações em Portugal, no Brasil, em Angola, em Moçambique e na Galiza.

Dedica-se também à promoção dos direitos LGTBI+ e dos direitos da Terra.

 

Mais informação sobre a ligação de Samuel F. Pimenta com a Galiza e o reintegracionismo:

https://pgl.gal/samuel-pimenta-escritor-um-dos-propositos-da-antologia-emergente-e-criar-pontes-entre-todos-os-falantes-de-portugues/

https://revistacaliban.net/o-canto-da-sereia-7ff2c2cb2bf1

https://expresso.pt/podcasts/a-beleza-das-pequenas-coisas/2018-03-30-Benjamim-Nao-procuro-a-fama-o-sucesso.-Nao-ando-a-correr-atras-de-visualizacoes-nem-de-ser-a-grande-cena-para-a-seguir-desaparecer (a partir do minuto 2:03:56)

https://www.nosdiario.gal/articulo/cultura/escritor-samuel-f-pimenta-reivindica-galiza-premio-cidade-almada-poesia/20191028110914085954.html

https://revistacaliban.net/um-rasto-de-vida-de-cura-e-de-amor-9c4933d47369

https://www.publico.pt/2020/07/25/p3/cronica/galego-portugues-fala-comum-1925132

Ler mais ...

IOLANDA ALDREI, NOVA ACADÉMICA DA AGLP

Na reunião plenária do sábado, 1 de agosto de 2020, foi eleita nova académica de número da ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA Iolanda Rodrigues Aldrei

Nasceu em Santiago de Compostela no ano 1968. Desde 2013 mora no Vale do Pico Sacro. Escritora e professora, é licenciada em Filologia Hispânica pola Universidade de Santiago de Compostela (1991) e em Filologia Galego-Portuguesa pola Universidade da Cunha (1992). Formou-se também em didática é pedagogia, com um mestrado no ano 1992 e em Estudos Portugueses na Universidade Nova de Lisboa. 
As suas publicações científicas focam os âmbitos da Linguística, a Sociolinguística, os Estudos Literários e a Didática, com artigos e estudos como:  As Literaturas lusófonas, o caso da literatura galega, Revista Internacional Nós, n. 13-18- 1989,  Análise Sociolinguística do presente de Galiza e Portugal, Jornadas de Estudo Marco de Canaveses, v. 1- 1989,  A catástrofe, relato breve de Eça de Queiroz,  (em colaboração com António Gil Hernández e Ângelo Brea Hernández) Agália n. 20, 1990, Duas visões da morte e da existência :o carpe diem e o quotidie morimur: Poliziano vs. Quevedo, 1991, Revista Internacional Nós, n. 19-28- 1989, A conjunção das tradições celta é sebastianista em Na noite estrelecida de R. Cabanilhas, 1991 Revista Internacional Nós, n. 19-28- 1989, As relações da literatura galega com a portuguesa, 1991 Encontros de escritores e jornalistas da Bairrada,  Eva no recado de Eva de Lourdes Hortas, 1993, Simpósio Internacional Mulher e cultura, USC,  Aproximação ao estudo de La Reine Morte de Henry de Montherland, 1994, As vozes narrativas em Mayombé de Pepetela, 1994, Revista Internacional NÓS, n. 35-40,  A língua veicular no ensino primário e secundário na Galiza, 1995, Revista Internacional NÓS, n. 41-50,  As Literaturas lusófonas, situação atual e tipologias, Instituto de Estudos Luso-Galaicos, 1994/ Revista Internacional Nós, n. 35-40,  Notas sobre uma conversa cumprida com Jenaro Marinhas del Valle, Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa n 2, 2009, As filhas de Dana, 2014, Revista digital Palavra Comum, O Cervo do Monte (coautora com Xavier Ponte Casas) Revista digital Palavra Comum, autora da recopilação e estudo sobre Literatura Galega Contemporânea Letras para lembrar. Fragmentos de grandes obras da literatura galega Escolma e estudo Iolanda Rodríguez. LIBRO ED. Ibersaf colaboração Secretaria Geral de Política Linguística da  Junta da Galiza. Também investigou no Instituto de Ciências da Educação da USC, colaborando no Projeto de Investigação “Língua para Informar-se, saber e opinar”.
Para além de diferentes publicações culturais, antologias, livros coletivos, blogues, jornais e revistas, têm dado ao prelo e  obra literária poética (A Palavra no ar, 1990, Memória de nove lúas, 1994, O Grimório Azul de Samaná, 2011, O Segredo de Sheela na Gig, 2017, Quando a Joana voltou, 2018)  e narrativa (Entrecontar, 2020, Através Editora), assim como levado aos cenários múltiplos textos dramáticos. A narração oral é também um outro jeito de compartilhar os seus textos, do mesmo jeito que os recitais poéticos. 
Como docente trabalha no Ensino Secundário nas áreas de Artes Cénicas , da Língua e Literatura Galega e na Língua e Literatura Espanhola, na Formação do Professorado e na Direção Teatral de grupos de crianças e jovens para a interação da diversidade. 
Como ativista fez parte de diferentes associações e entidades culturais, interculturais e ecologistas e participou em múltiplos eventos culturais, reivindicativos e solidários. Também de publicações e iniciativas editoriais coletivas como  Ed. Do Dragón, Elipse, Cadernos Q de Vían ou A Porta Verde do Sétimo Andar. 
Agradece prémios, reconhecimentos e homenagens, continua a criar e investigar, também a ensinar, enquanto deixa medrar o seu ser de mãe de família e labrega na consciência do convívio na  Terra. 

 

Ler mais ...

Reuniões plenárias da Fundação AGLP

Reuniões plenárias da Fundação AGLP

O sábado 1 de agosto tiveram lugar, na Casa da Língua Comum de Santiago de Compostela, as reuniões da Fundação e Academia Galega da Língua Portuguesa.

Entre outros assuntos, os académicos foram informados detalhadamente das atividades realizadas durante o ano em curso, com especial atenção às relações internacionais. Foram também apresentadas e aprovadas as contas da Fundação. Acordou-se igualmente um programa de atividades para os próximos meses, que inclui diversas publicações e atividades divulgativas.

Procedeu-se, na mesma sessão, à renovação dos cargos da Comissão Executiva, e aprovaram-se as candidaturas de novos membros da Academia. 

Iolanda Rodrigues Aldrei, natural de Santiago, foi eleita nova académica de número. No capítulo dos académicos correspondentes foram eleitos, também por unanimidade, os escritores Samuel Pimenta (Portugal) e Paulo Soriano (Brasil).

A assistência produziu-se tanto de forma presencial como virtual, através de uma plataforma de internet que permite a participação, discussão e votação de todos os pontos da ordem de trabalhos.

 A composição da Comissão Executiva, que conjuga experiência e renovação, é a seguinte:

Presidência, Rudesindo Soutelo
Vice-Presidência, Ângelo Cristóvão
Secretaria, Pedro Casteleiro
Vice-Secretaria, Teresa Moure
Tesouraria, Concha Rousia
Arquivo-Biblioteca, Joám Trilho

 

Arquivo Fontenla.
A Fundação executou, durante os primeiros meses de 2020, com o apoio económico da Deputação da Corunha, a primeira parte do Projeto Fontenla, que constitui um importante património histórico da cultura e o ativismo social da Galiza. 
Esta primeira fase esteve orientada à classificação, identificação e catalogação do Arquivo doado pelo académico de honra José Luís Fontenla, que inclui, entre outros documentos relevantes, a totalidade dos originais da Comissão Galega do Acordo Ortográfico. Nos próximos meses está previsto iniciar a segunda parte do projeto, consistente na digitalização de milhares documentos, por forma a torná-los acessíveis a investigadores e académicos, através do programa Molécula. 


PROJETO DE INVENTÁRIO DE FUNDOS DA DOAÇÃO DA FAMÍLIA FONTENLA

 

Ler mais ...

PROJETO DE INVENTÁRIO DE FUNDOS DA DOAÇÃO DA FAMÍLIA FONTENLA

Introdução:

 

A Família Fontenla doou à Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa os seus fundos documentais e objetos de museu fruto da sua vida pessoal e profissional junto com os seus interesses sobre o conhecimento da cultura, da língua e da vida social, cultural e política galega. O pai, José Luís Fontenla Méndez (?-1999) foi mestre na república, colaborador do Seminário de Estudos Galegos e participante da Federação das Mocidades Galeguistas). O filho, José Luís Fontenla Rodriguez (1934-) jurista, escritor, pintor e ativista cultural, colaborou na fundação de editoras, revistas e jornais, participou ativamente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua portuguesa. Os dois som figuras chave da nossa cultura e o seu acervo pode contribuir ao conhecimento da história, da sociedade e da cultura galega.

Ler mais ...

Carta a D. Ricardo Carvalho Calero

O professor Ramom Reimunde assina esta carta ao seu mestre, Ricardo Carvalho Calero.

 

Carta a D. Ricardo Carvalho Calero

Ramom Reimunde

 

Caro D. Ricardo:

Escrevo-vos esta carta trinta anos depois de que vos fostes além para contar-vos o que se passou com as vossas ensinanças, neste 17 de maio em que por fim se vos dedica o Dia das Letras Galegas injustamente adiado, na onomástica engraçada de Sam Pascual Bailom, no meio desta pandémia confinada que impede celebrar a festa como vós merecíeis. Há outras doenças, como a de não poder escrever o galego como o português para toda a lusofonia planetária. Essa era a vossa mensagem.

Sei que trás tantos anos de esquecimento os vossos restos corpóreos são pó e cinza no cemitério de Boisaca, mas o vosso espírito segue vivo entre nós. Se não a vós, chegará aos vossos tudo o que está aparecendo nestes tempos: livros, banda desenhada, recitais, artigos, fotos e mesmo vídeos que tínhamos bem guardados, onde vos podemos ver e ler bem vivo e atual. As redes sociais estám que fervem com notícias e atos sobre vós.

As cousas com o reintegracionismo da nossa língua não foram tão bem como pensávamos e esperávamos utopicamente então, e mais no vosso caso, que éreis muito optimista e animador; nem foram tão mal, porque apesar de tudo o que fizeram por silenciar, sobrevivem. Passou algo similar à tão citada e louvada transição democrática de Suárez, porque tudo estava bem atado e seguiriam os mesmos de sempre aferrados ao poder sustentado pelas antigas forças vivas e económicas que tudo o governam para que nada cámbie. Com uma autonomia só administrativa, voltamos ao isolacionismo e a espanholização da língua, afastando-nos de aproximações tímidas ao filho português.

Muitos escritores e intelectuais galegos, progressistas na política e proclives ao princípio ao reintegracionismo galego-português, retrocederam e venderam-se por um miserável prato de lentilhas institucional ou editorial e foram colaboracionistas ingénuos das forças antigalegas e espanholistas, ainda alguns professores de galego.

Nos jornais e nas editoras dos 90 não nos permitiram publicar na normativa reintegrada da Agal, da que fostes membro de honra e impulsor. Porém, em silêncio, seguimos publicando livros e revistas como Agália, e dando aulas na ortografia internacional não sem problemas burocráticos. No 2000 falava-se de normativa de concórdia em mínimos reintegracionistas. Tudo foi fume. No 2008 trinta académicos demos o seguinte passo e subimos o último degrau da escada fundando a AGLP e escrevendo o galego que falamos com ortografia portuguesa. Já vos tinha comentado eu que nessa escada de mínimos a máximos tanto se podia subir como baixar, e alguns desceram à normativa oficial castelhanizante, com a que os galegos estamos perdendo utentes e falantes, e quiçá a guerra. Afinal, ganhará a última batalha a norma lusófona.

Ainda não conseguimos entrar como membros plenos na CPLP, mas lograremos. A lei Paz Andrade foi aprovada no Parlamento Galego para potenciar o conhecimento do português. Mas é letra molhada e falta vontade política e orçamento para as aulas.

Estivestes vós em vida preocupado por guardar as formas prudentes e dar uma imagem séria e científica. A vossa figura exemplar, que trataram de apagar, agranda-se com o tempo e a divulgação da vossa obra. A vossa herança chegará às novas gerações.

Não vos desanime o ostracismo que sofrestes nos últimos quarenta anos porque não poderám ocultar a pérola que havia dentro. Querem eles apropriar-se do vosso nome, mesmo insistindo no Carballo com b e ll do passado, não compartindo as vossas ideias finais sobre a língua, com hipócritas louvanças que só neste dia luzem os jornais com titulares em galego nas portadas. Diremos-lhes como os de Rompente: retirade as vossas sujas mãos de Carballo, porque Carvalho Calero é nosso, de todos, como Castelao.

Com os melhores cumprimentos do seu aluno e discípulo menor. R que R.

Ler mais ...

DOUS TEXTOS DO PROFESSOR HIGINO MARTINS

DOUS TEXTOS DO PROFESSOR HIGINO MARTINS

Estes textos que apresentamos são do nosso bem querido Académico da AGLP Higino Martins, galego de gema mas argentino de nascimento e trajetória vital, que nos tem deleitado com tantos trabalhos referidos às etimologias de palavras de duvida origem, como no livro “Etimologias obscuras ou esconsas” ou saborosas obras como “As tribos Calaicas”, onde se nos fala dos diferentes povos galaicos da antiguidade e dos possível significado dos seus nomes étnicos do ponto de vista etimológico-linguístico. Mas nada desmerecem a outras obras, como a “A gramática do Céltico Comum” na que nos mergulhamos numa imensa obra de gramática duma língua que ficou esquecida na noite dos tempos, mas nos não menos importante do que os trabalhos que lemos dele nos Congressos que a AGAL organizava nos anos 80`s e 90`s ou os que tem elaborado para a pagina da ADIGAL (Associação Civil de Amigos do Idioma Galego) organizada por galegos da argentina e da qual é presidente: http://www.adigal.org.ar/

Mais uma vez temos aqui interessantes pesquisas que nos podem fazer escarvar na historia da nossa língua para deleite dos que amam a nossa língua. Desfrutem.

 

Descarregar arquivos abaixo ⇒

Ler mais ...

ETERNAMENTE MALACA

POR: Concha Rousia. AGLP

 

Malaca, palavra que continua no interior a fazer-se gigante, a fazer-se fecunda, e sacra até. Pronuncio-a e sinto amigo, sinto mestre, sinto genuíno, congruente, criança que já se fez anjinho. Ouço os risos de felicidade de Deus por ter-te já ao seu lado. Hoje sinto inveja de Deus, pois nós ainda te necessitávamos, nós ainda te necessitamos. Malaca é aquele Mestre que se coloca ao lado do simples, do puro, do condenado, ao lado do que necessita, do que necessita e não tem, e do que necessita e tem, tem mas não sabe, Malaca é espelho brilhante de bondade.

 

Pronuncio o seu nome, digo João Malaca Casteleiro e abrem-se caminhos de palavras para os que deles já fóramos roubados. Conheci ao querido professor em 2008, quando veio a Santiago, junto com outro grande mestre, o Evanildo Bechara, para botar uma mão no nosso reencontro com a nossa língua; essa língua que devia de ser chamada de “galego”  mas que por vicissitudes da História deu em se chamar de “Português” Mas isso não significa que haja que renunciar a ela, nem que haja que ficar de braços cruzados quando ela é expropriada de um território que lhe é próprio: A Galiza! Mesmo quando com mãos galegas, e não só, é machucada toda vez que ela rebrota, com esse auto-ódio que se estende a tudo que leve aromas da nossa língua galaica.


Malaca veio ajudar a semear, nossa própria semente autóctone, veio com seu cesto de palavras infinitas, veio com sua caneta arar as nossas páginas feridas, veio matar a nossa sede, veio ser nosso guerreiro irmão, nosso imortal membro na AGLP. Hoje ao ouvir a palavra que anuncia a tua partida, a palavra barca que te afasta da Ribeira dos que ainda ficamos aqui mais um bocadinho, senti uma desolação amarga, breve, mas muito amarga. A tua morte dói onde dói o amigo, onde dói o irmão, onde dói a família, onde dói a carne, onde dói a carne e o espírito. É neste instante que vem a mim uma imagem da Conceição chorando-te, grande companheira sempre ao teu lado. Mas a dor, ainda que intensa, é breve porque a alegria de conhecer-te, a alegria de ter crescido ao teu lado, é tanta que ganha o combate.


Hoje venho aqui, juntar este meu molhinho de palavras, com a ousadia de quem, ainda sabendo-se humilde ali onde tu eras Grande, sente que deve gritar desde a verdade. E com essa força venho, venho apenas te dizer obrigada! Obrigada Malaca, obrigada professor, obrigada meu camarada. Hoje passam por mim imagens tantas, que guardarei como tesouros embrulhados no pano da própria pele. Foi, é, grande o teu legado, e quando digo legado não me estou a referir as inúmeras obras lexicográficas, aos vocabulários e tantas e tantas outras. Eu falo do teu legado de combatente em defesa da nossa língua. Da nossa língua extensa que navega os sete mares nos 7 ventos, como já cantamos no hino da Lusofonia, esse que criamos juntos todos no barco dos Colóquios da Lusofonia. Naquele dia navegávamos pelas águas da Ilha da magia, Florianópolis, Açoreanópolis por alguns dias de maio de 2010.


Contigo tive a honra de falar na Academia Brasileira de Letras, eu representava a Galiza; junto do magnífico anfitrião, o nosso Evanildo Bechara, e com o imbatível Chrys Chrystello, artelhador de equilíbrios impossíveis… Se eu pudesse escolher algum dia no que eu me senti honrada por caminhar ao teu lado, esse podia ser um deles. Mas há tantos, há tantos que eu agradeço. Contigo e os Colóquios da Lusofonia navegamos depois pelos mares da China, Macau fez-se casa por um tempinho para a nossa nave, que tu tão bem capitaneaste naquelas terras que para ti eram como a própria Serra da Estrela, Covilhã , A Guarda, Seia, ou Lisboa mesmo… terras cultivadas com grande amor com as tuas palavras. 


Hoje passo páginas com lágrimas, imagens que guardarei até o dia que eu partir; nelas viajo ao teu lado, vamos às furnas, e eu me abrigo no teu guarda-chuvas, eu não levara, mas não permitiste que me molhasse, era setembro, aprendi bem no princípio o bom e generoso que tu eras, Malaca. Sorrio ao lembrar as piadas no autocarro dos Colóquios pelas Lombas das terras Açoreanas, São Miguel, Santa Maria, Graciosa… Hoje as ilhas todas da Lusofonia choram por nunca mais ouvir a tua alegria, mas tu fazes parte, querido amigo, querido mestre, querido camarada, tu fazes parte da sua eternidade; da nossa eternidade, Malaca. 

 

Ler mais ...
Assinar este feed RSS
×

Sign up to keep in touch!

Be the first to hear about special offers and exclusive deals from TechNews and our partners.

Check out our Privacy Policy & Terms of use
You can unsubscribe from email list at any time