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A AGLP disponibiliza na rede os «Clássicos da Galiza»

Rosália de Castro: Cantares Galegos

Capa de Cantares Galegos, de Rosalia de Castro
Volume 1 da Coleção Clássicos da Galiza

A Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) põe na rede ao dispor de todos os leitores a coleção de «Clássicos da Galiza», em versão em PDF dos textos editados anteriormente em papel. Isso é possível mercê à generosidade da editora «Edições da Galiza», criada e sustida pela iniciativa e laboriosidade de Heitor Rodal, a quem agradecemos mais uma vez a sua generosidade.

Os volumes que agora se oferecem gratuitamente para o usufruto geral são os 7 primeiros que foram publicados:

Volume 1: Rosalia de Castro, Cantares Galegos, edição de Higino Martins Esteves (2010).

Volume 2: Eduardo Pondal, Queixumes dos Pinhos e Outros Poemas, ed. de Ângelo Brea (2011).

Volume 3: Popular, Cantos Lusófonos: Cancioneiro Popular, ed. de José Luís Do Pico Orjais (2011)

Volume 4: Rosalia de Castro, Folhas Novas, ed. de Higino Martins Esteves (2012).

Volume 5: Luís G. Amado Carvalho, Proel e o Galo, ed. de Isabel Rei (2012).

Volume 6: Johan Vicente Viqueira, Obra Seleta , ed. de António Gil Hernández (2012).

Volume 7: Manuel Leiras Pulpeiro, Poesias Completas, ed. de Ramom Reimunde Norenha (2012).

A coleção dos «Clássicos da Galiza» é um dos projetos que a AGLP tem em curso, na sua tarefa de recolocar a Galiza como membro pleno da Lusofonia. Tenciona apresentar a literatura galega numa versão linguística que –sem deixar de ser fiel idiomaticamente aos textos originais– esteja em sintonia com o que é a língua portuguesa atual (nomeadamente nos campos da ortografia e da morfologia).

Desse modo, tem-se em conta na edição dos textos o facto de que os escritores galegos da época moderna e contemporânea tiveram que desenvolver o seu trabalho isolados socialmente do resto do mundo literário lusófono, e viram-se forçados a usar de modo precário uma língua da qual desconheciam não só uma norma padrão de uso ortográfico ou morfológico mas também exemplos de obras literárias que pudessem servir-lhes de modelo.

Compreende-se bem que, nessa situação, as produções literárias galegas fossem redigidas na ortografia castelhana (pois era a única que conheciam tanto os autores como os mais próximos leitores) e com uma morfologia oscilante. Recuperar para a língua portuguesa toda essa produção exige corrigir esses aspetos, provocados pela anormalidade histórica em que os textos nasceram.

Eis, à maneira de amostra, como aparecem nessa edição (preparada por Higino Martins) os conhecidos versos de Rosalia:

Cantar-te-ei, Galiza,
na língua galega,
consolo dos males,
alívio das penas.

Mimosa, suave,
sentida, queixosa,
encanta se ri,
comove se chora.

Qual ela nenhuma
tão doce que cante
soidades amargas,
suspiros amantes,

misterios da tarde,
murmúrios da noite;
cantar-te-ei, Galiza,
na beira das fontes.

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