Boletim da AGLP

Boletim da AGLP nº 1 - 2008

Boletim da AGLP nº 1 - 2008

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Boletim da AGLP nº 2 - 2009

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Boletim da AGLP nº 3 - 2010

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Boletim da AGLP nº 4 - 2011

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Boletim da AGLP nº 5 - 2012

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Boletim da AGLP nº 6 - 2013

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Boletim da AGLP nº 7 - 2014

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Boletim da AGLP nº 8 - 2015

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Boletim da AGLP nº 9 - 2016

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Boletim da AGLP nº 10 - 2017

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Boletim da AGLP nº 11 – 2018

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Boletim da AGLP nº 12 - 2019

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Disponibilizamos para descarga livre o volume décimo segundo do boletim da AGLP. (Ligação para descarga, abaixo)   Co...

Boletim da AGLP nº 13 - 2020 - Homenagem ao professor Carvalho Calero

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Disponibilizamos para descarga livre o volume décimo terceiro do boletim da AGLP. (Ligação para descarga, abaixo)   C...

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Dia da AGLP - 7 de outubro de 2023 - 15 anos da AGLP

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SEMINÁRIO «Galiza, Língua Portuguesa e Acordo Ortográfico»

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Info Atualidade

Rachando o nevoeiro que nos torna invisíveis...

  • Escrito por: Concha Rousia
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XIV Colóquio da Lusofonia

XIV Colóquio da Lusofonia, Bragança setembro-outubro de 2010

Concha Rousia (*) - Há nove anos que nasceram os Colóquios da Lusofonia; eu levo assistido aos três últimos em Bragança, e a outros três nos Açores e Brasil, e devo admitir que a cada vez pertenço mais a este território chamado Lusofonia.

Este ano os Colóquios abriram em Bragança o dia 27 de setembro, depois de o fazerem em Braga o dia 25 para inaugurar os Estudos de Açorianidade, e em Santiago de Compostela onde se celebrou o II Seminário de Lexicologia da AGLP.

No final da sessão de abertura desta XIV edição soou o hino dos Colóquios, dos que eu, junto da Isabel Rei e o Vasco Pereira da Costa somos autores. O nosso hino foi cantado pola assistência e pola extraordinária soprano Raquel Machado, tudo envolto nas notas do piano da Ana Paula Andrade, do Conservatório de Ponta Delgada; previamente Ana Paula e Raquel nos deleitaram com música tradicional.

Nesse mesmo dia ainda houve tempo para apresentações de publicações com os escritores Anabela Mimoso e Vasco Pereira da Costa, o editor Francisco Madruga, e eu, que apresentei o Boletim número 3 da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), o Cancioneiro de Marcial Valladares ‘Ayes de Mi País’, o Léxico da AGLP, o Galiza: Língua e Sociedade, e os Cantares Galegos de Rosalia de Castro, que é o primeiro volume dos Clássicos da Galiza editados polas Edições da Galiza e a AGLP. Foi para mim um privilégio ouvir os poemas de Rosalia nas vozes dos escritores Mário Moura e Vasco Pereira da Costa, com os que tive a honra de recitar.

Nos dias a seguir esta segunda-feira memorável, o Colóquio durou até o sábado dia 2, os participantes pudemos assistir às comunicações trazidas por professores e professoras, pesquisadores vindos desde Macau, Brasil, Malaca, França, Itália, Estados Unidos, e também Portugal continental e as ilhas Madeira e Açores, e a Galiza, de onde assistiram com comunicações, para além de mim, o Ângelo Cristóvão, o Luís Foz, o Alexandre Banhos e a Margarida Martins. Devo salientar a elevada qualidade científica das apresentações. Muito proveitosa foi a Sessão de Esclarecimento que teve lugar no dia 29 setembro com a Escola Secundária Miguel Torga, na que participamos os representares das três academias, junto dos escritores Anabela Mimoso e Vasco Pereira da Costa e o presidente dos Colóquios, o Dr. Chrys Chrystello. No final, fomos agraciados com a medalha comemorativa do centenário de Miguel Torga e um livro alusivo ao mesmo.

Salienta na memória a homenagem ao escritor convidado, Vasco Pereira da Costa, que começara com a declamação do poema Ode ao Boeing 747 em 11 das 14 línguas para que foi traduzido. Eu li a versão traduzida ao Castelhano, e descobri que em Portugal essa língua me mete menos medo, e Foz leu a traduzida ao Catalão... este original começo foi seguido da declamação, por parte de Chrys Chrystello e de mim mesma, de uma dúzia de poemas do homenageado. A noite concluiu com a voz do poeta Vasco Pereira da Costa que nos ofereceu a leitura dos seus poemas...

Se tivesse que resumir os Colóquios numa frase diria que é um espaço no que crescer, um lugar ao que pertencer, um lugar no que existir sendo apenas o que um é, um lugar onde um se pode permitir ser vulnerável porque um se acha entre irmãos de língua, um lugar para querer ser visível. Houve tempo para quase tudo, também para visitar o castelo e os vários museus da cidade.

E no final as despedidas, que são um ‘até o próximo Colóquio’ ...e a troca de cartões e de abraços... e a volta pola mesma estrada, que a mim não me parece a mesma da ida, quando vou me vai oferecendo mais e mais, e quando volto me vai roubando... tudo vai indo bem enquanto consigo apanhar a ‘Antena Dois’ ou a ‘Rádio Brigantina...’ ora aos poucos começam a aparecer mais e mais as ondas castelhanas das rádios que infestam o nosso país e eu desligo a rádio para, em silêncio, continuar a morar na Lusofonia até chegar a Compostela. Imaginando o tempo que terá que passar até o Colóquio XV que será em Macau na primavera deste mesmo ano... Carregada de forças, de saúde de língua, e de irmandade lusófona, que leva o nosso nome daqui aos quatro cantos do mundo...

P.S. Quando acabei de escrever esta crónica, recebi uma mensagem amiga que vinha confirmar a nossa visibilidade na Lusofonia, visibilidade que a mim neste outono de nevoeiros que atravessamos na Terra me soube melhor do que o pão, é foi por isso que decidi incluí-la como parte da própria crónica, por isso e também para honrar a pessoa que ma enviou:

"No outro dia, numas imagens que passaram no noticiário da SIC sobre o colóquio da lusofonia em Bragança, lá estavas tu, sentada na plateia, em lugar de destaque na imagem. Depois deu para ouvir um pouco do Malaca Casteleiro. Mas, sobretudo, foi bom ver-te ali, representante da Galiza que fala a mesma língua que todos nós, da Corunha ao Rio e de Luanda a Díli."

Galeria Fotográfica no Picassa

(*) Académica, membro da Comissão Executiva da AGLP.

Crónicas do Brasil (e III): Santa Catarina e o retorno

  • Escrito por: Isabel Rei
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Crónicas do BrasilFoi um belo dia de abril
Do alto mar foi avistado.
Com um céu cor de anil
E logo ali ter ancorado.

Mário Osny Rosa, poeta catarinense

Isabel Rei (*) - E Florianópolis abriu-se para nós como flor insólita a crescer cara o atlântico. Era o Sol sobre as árvores e o calor do dia, a praia aproximava-se de nós devagarinho. Palmeiras e oficinas de mecânica olhavam-nos passar no autocarro da Comitiva dos Colóquios. À beira da estrada ficavam os telhados de palha e o ambiente tranquilo. Como o polvo no São Froilão, as ostras desfilavam nos cartazes dos restaurantes: Ostradamus, Ostras Coisas, Umas e Ostras, Maria vai com as ostras...

Havia ainda os ecos do trovão tropical que nos despediu no Rio e o cansaço da viagem, que cumulava já quatro voos: Manter o cinto atado enquanto estiver sentado, e assim rimando e voando, Use o assento para flutuar, salvávamos as distâncias entre Brasília e São Paulo, e entre São Paulo e Rio de Janeiro, e entre Rio de Janeiro e Santa Catarina, nosso último destino brasileiro da nossa primeira viagem ao Brasil.

Era 31 de março e fomos apresentar o Instituto Cultural Brasil-Galiza ao evento que para o caso tinham preparado no Instituto Federal de Santa Catarina, como já relatou Concha Rousia, à receção na Câmara de Vereadores da cidade e à Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). O 1 de abril foi a visita ao Ecomuseu açoriano do professor Nereu do Vale Pereira , em Ribeirão da Ilha, viagem de barco e suco de abacaxi, até o almoço no Pântano do Sul.

Em 2 de abril visitamos, também de barco, as fortalezas de Santa Catarina, antigas fortalezas europeias onde a força dos canões colonizadores controlava o litoral brasileiro. Em 3 de abril, Santo Antônio de Lisboa, uma das povoações mais antigas da Ilha de Santa Catarina, de comunidade pesqueira com açorianas ruas e casarios centenários.

Em 4 de abril, visita à Palhoça, com a receção da Câmara em que colaboraram os guarani do Morro dos Cavalos. Dia de chuva, de música guarani em casa açoriana, de colares de penas e vistosas cores. A descoberta da povoação originária, dos seus cabelos de seda, dos olhos de arco-íris nos rostos dignos e ainda estranhados da secular presença dos europeus. A maior expressão do guarani é a dança, disse o Xeramõi, o avô do povo guarani-mbyá, e parecia querer dançar com o pensamento.

Crónicas do Brasil

Em 5 de abril, sessão de esclarecimento na UFSC e visita ao Núcleo de Estudos Açorianos, onde pudemos comprovar outras dimensões da pegada açoriana na Ilha. E logo a seguir iniciaram-se as sessões do XIII Colóquio da Lusofonia, que ao mesmo tempo era o V Encontro Açoriano, a se realizar em Açorianópolis até o 9 de abril, organizados pelo camarada e professor Chrys Chrystello e colaboradores.

Explicava o professor Malaca que quando aprendemos uma palavra, aprendemos três cousas: a pronúncia, o significado e a grafia. E que por isso é tão difícil mudar de grafia. E explicava o professor Bechara que toda mudança de hábito provoca um momento de dúvida, reticência e aversão, mas que é natural e faz parte do processo de aprendizagem.

A Lagoa da Conceição, água doce quase a beijar a água salgada, foi testemunha das conversas com Rosângela e Márcia, do IPOL. E entanto o debate sobre a língua comum acontecia, muitas noites derramaram músicas de fado e de choro, melodias galegas e irlandesas, abraçando o pentagrama de geografias dos Bardos atlantes de aquém e além mar.

E, no fim, regressavam as galegas à sua terra de origem e de porvir, com um pedaço da Ilha da Fantasia prendido nos corações. No peito a lembrança dos guarani, guardiães dos espíritos celtas. Na boca o hino da Lusofonia, criado para sincronizar todas as vozes, e na frente o pensamento crescido já em mata atlântica, selvática, prolífica.

Volvíamos e já não éramos as que éramos. Connosco as frutas, as lagoas, as margens, as praias, os alentos, os sotaques, os abraços, os sorrisos, o mel, os livros prolongando o ronsel de lembranças sobre os morros e sobre as ondas. E sim, regressamos à Galiza, oceanos a nos concentrar na fonte primeira, em retorno eterno, alimentando a luz dos ciclos do tempo e a flor marinha dos prodígios.

~ ~ ~

Ainda em Lisboa ou já em Lisboa? Aguardando o voo para o Porto. Um instante solitário entanto o resto da Comitiva passeia pelos corredores, na alfândega ou na bagagem.

Estou já na Europa? Nas internacionais e monocromáticas paisagens dos aeroportos é difícil sabê-lo. Mantenho nos ouvidos todas as cores da língua, que já domino sem pensar. Percebo a amabilidade do catarinense, o humor do açoriano, a sentença da lisboeta, a confiança do transmontano. A modernidade da paulista, a singeleza do moçambicano. Fiquei com inveja da carioca mas foi por não ter tempo para percorrer Copacabana, e depois Ipanema, que se alongavam, mimosas, na costa do Pão de Açúcar.

Todos esses galegos vivem já em mim. Ressoam, crescem e saem-me pela boca porque já estou neles, como estou na rianjeira ou no queijo de Arçua. Como estamos na água do mar que nos banha e, ao tempo, lambe as areias tropicais e subtropicais dos galegos do Ibrasil.

Galeria fotográfica no Picassa

(*) Académica, membro da Comissão Executiva da AGLP.

AGLP apresenta o Portulano de Recursos em linha

  • Escrito por: Webmaster2
  • Categoria: Info Atualidade
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Survival Kit

A maior das dependências culturais estriba na imagem do mundo que nos dão trilhado, e que acompanhamos sem questionar

Os galegos falamos há décadas das possibilidades para nos desempenhar com recursos e ferramentas lusófonas. Porém, uma vista de olhos aos principais centros de pesquisa das instituições públicas e privadas galegas evidenciam a mesma absoluta carência de recursos lusófonos que qualquer outra instituição espanhola, e uma idêntica estruturação hierárquica dos conteúdos e categorias de pesquisa que se impõe, alheia a esta nossa vantagem lusófona, sobre a qualidade dos recursos e ferramentas disponibilizadas.

A Academia Galega da Língua Portuguesa, consciente desta necessidade social e dentro dos seus princípios fundacionais, apresentou no II Seminário de Lexicologia realizado o sábado 25 de setembro em Compostela, desenhados com o programa de software livre Netvibes, três escritórios virtuais para uso da comunidade internauta:

O escritório institucional da AGLP é uma página Netvibes com a informação oficial da Academia antes publicada nesta página web: Objetivos da Academia, Membros, Parcerias, Publicações, informações sobre o Acordo Ortográfico e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, notícias e outras informações como a consulta do Léxico da Galiza.

O Portulano de Recursos em linha é hoje o maior arquivo de arquivos digitais em língua portuguesa, a conter mais de 3.000 ligações a páginas de recursos e informações de consulta livre sobre temas relacionados com as culturas lusófonas. Em menor medida, o Portulano de Recursos contém ligações a repositórios e ferramentas em língua inglesa, francesa e castelhana. Ótimo para uso de investigadores e curiosos, o Portulano de Recursos constitui a primeira ferramenta de pesquisa comum a todos os países lusófonos. Abrange, por isso, os repositórios e bibliotecas das principais universidades lusófonas, incluídas as galegas, tornando-se assim um grande instrumento a disposição da comunidade investigadora.

O Survival Kit, ou guia básico de recursos sobre língua portuguesa, é um escritório de recursos indispensáveis para o aperfeiçoamento da língua portuguesa. Desenhado especialmente para neo-escreventes galegas e galegos, o Survival Kit consta de duas abas ou separadores principais em que se acham os recursos sobre língua tais como dicionários, tradutores, conjugadores verbais, dicas de fraseologia, prontuários e pesquisas em rede, e alguns dos mais conhecidos centros sociais da Internet reintegrante galega, para além de algumas ligações escolhidas sobre literatura, história e música em língua portuguesa.

Os três escritórios estão ligados entre si e podem ser consultados desde qualquer um dos outros dous. No Survival Kit, ou maletim de sobrevivência, a dica diária Portulano do Dia oferece uma sugestão dentre as ligações contidas no Portulano de Recursos.

Para mudar os costumes podemos começar por colocar como página de início qualquer um dos três escritórios, pois os tempos dos galegos aproveitarmos as nossas vantagens práticas como lusófonos são chegados.

Portulano de Recursos AGLP

Survival Kit AGLP

Higino Martins: «A esperança, ao editar Rosalia, baseia-se na convicção de que tem poder para mudar a consciência nacional galega»

  • Escrito por: PGL
  • Categoria: Info Atualidade
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Entrevista ao professor Higino Martins,
coordenador da edição em AO de Cantares Galegos

PGL - O professor Higino Martins realiza mais uma achega à literatura galega e à nossa história. A edição segundo o Acordo Ortográfico de 1990 dos Cantares Galegos, de Rosalia de Castro constitui uma das publicações mais destacadas da Galiza neste 2010, sobretudo a nível internacional.

O Portal Galego da Língua contactou-o para conhecer o que oferece o interior deste clássico readaptado, e as considerações de uma das cabeças que engendrou tão importante e complicado encargo, que agora vê a luz graças a Edições da Galiza (em colaboração com a AGLP) que se pode comprar na loja Imperdível.

PGL: Como foi recebida esta nova edição de Cantares Galegos?

Higino Martins: Morando em Buenos Aires, onde não há distribuição, não estou em condições de o valorizar. Através da Rede e dos correios, os ecos parecem positivos. Ao cabo, em mim o maior peso tem-no a convicção da potência da obra de Rosalia.

PGL: Qual o objetivo desta nova edição do clássico de Rosalia?

A esperança, ao editar Rosalia, baseia-se na convicção de que tem poder para mudar a consciência nacional galega. É a única figura de talhe universal da literatura galega moderna, de um nível difícil de abranger antes de sumir-se nela, talvez pelo mito enervante que a rodeia, amiúde manipulado pelos renuentes da identidade.

PGL: Desde onde se está mostrando mais interesse nesta edição dos Cantares Galegos?

HM: Distinguiria dous campos, os dous com diversos graus de dificuldade na promoção. No internacional, nomeadamente os países de língua portuguesa, a termos históricos os frutos vão ser fulminantes. O valor simbólico da Galiza para eles é fulcral, prioritário. Solucionar a questão galega e fundacional para o seu futuro. Aí só há questões técnicas de distribuição editorial e a necessidade da nossa mínima perseverância.

O campo galego tem problemática similar, mas dificuldades maiores. A distribuição tem em contra enormes obstáculos, os recursos do estado espanhol, contra os quais só quadra opor uma resistência heroica. Parece tarefa de Sísifo, mas podemos ter confiança. Há forças não muito visíveis a colaborar. A semente sempre é pequena e na terra invisível; ao cabo chega a produzir grandes árvores.

PGL: Quanto tempo levou a adaptação?

HM: Difícil responder brevemente. A computar o precedente da edição da Caixa Ourense de 1986, seriam trinta anos. Ora bem, as mudanças da atual são a sequela do Acordo de ’90. Logo quadra dizer que se precipitaram, fulminantes, desde o momento em que a AGLP decidiu editar os clássicos começando por Cantares. Foram meses, o tempo de enviar os textos quase ao voo do teclado, cruzar opiniões e polir as provas.

PGL: Que pautas seguiu para as atualizações ou modificações da escrita Rosalia aos tempos de hoje?

Começaram sendo ortográficas e continuaram pela peneira léxica. O patamar de 1986 ficava aí, com critérios semelhantes ao da proposta da AGAL na altura. Mas nos últimos anos notei que a minha proposta reintegracionista do ano ’77, ao iniciar em Buenos Aires os cursos de galego, lúcida e aqui eficaz, globalmente não atingia resultados suficientes. Na Terra não chegava perante a magnitude de meios do estado. O recuar do número de falantes a meu ver robora a premente necessidade de reforçar duas notas: o orgulho profundo da identidade e, a par, o nível científico da língua a usar.

É preciso que o instrumento a opor à língua imperial seja de parelha dimensão. No caso do galego-português, como no do catalão, a única via de salvação é romper o feitiço do nome da língua. Do nome da língua e da prática culta correspondente. Os obstáculos internos na alma dos galegos pode rastejar-se mesmo em Pondal, tão orgulhoso em aparência e tão dubitativo na correspondência.

Sei que a pergunta quer resposta concreta. Ponho o modelo de coexistência de alemão e bávaro. Reservo os rasgos dialetais para textos de tom local ou folclórico. Mesmo aí tento atenuar a imagem gráfica diferente, com regras ad hoc: comĩ em vez de comim. Tal qual faz o português reivindico nesses casos ũa.

No caso presente, procurou-se brindar o clássico galego ao conjunto do grande domínio linguístico. Logo as regras são as da língua geral, para centos de milhões. Aí mesmo reivindico todos os rasgos dialetais recebidos pela norma portuguesa (douscousa, etc.), que são testemunhos longes da espera de que fomos objeto sem cairmos na conta.

PGL: Que dificuldades técnicas apresenta adaptar um texto galego clássico a uma norma em construção como é a do português da Galiza?

HM: Não maiores que as do estudo da história da língua. Os falares galegos são os restos maravilhosos da língua comum, têm a vantagem de ser um tesouro que venceu o túnel do tempo. A fantasia de viajar no tempo nas nossas mãos.

Nessas circunstâncias, o processo é similar ao do norueguês, do checo ou do hebreu. Certo que ainda sem os recursos do estado, pelo que cumpre opor a resistência heroica, que muitas vezes compromete o pão.

PGL: Como se consegue esse equilíbrio entre respeito pela tradição mais ao texto e a modernidade?

HM: O equilíbrio é resultado natural da busca. Com paciência sempre aparece a solução. Aliás, a língua popular costuma ser mais constante do que a cultivada nos níveis cultos, sempre mais flutuante. Plauto, arcaico, é mais próximo do vulgar que os escritores da idade de prata.

PGL: Sendo poesia, quais os problemas de respeitar os ritmos, fonotática, prosódia do texto e a habilidade rosaliana para a pauta musical da poesia?

HG:  Deve respeitar-se a obra, a autora e a par ter a máxima fidelidade ao génio da língua. Não tanto nos Cantares, vindos da lírica popular, quanto em Folhas Novas, mais dependente da poesia escrita espanhola, às vezes em Rosalia há sinalefas do castelhano. Cumpre focá-lo com cautela.

A medida e os ritmos acentuais são invioláveis. A competência musical de Rosalia –a meu ver ainda pouco conhecida– é pasmosa. Isabel Rei revelou-me dados biográficos que a mostram como virtuosa em vários instrumentos. É no campo léxico onde ousei embrenhar-me. Às vezes foi preciso traduzir, já em 1986. Eis sabrosas siriguelas mudadas em soborosas ameixas do poema 5, verso 172. Enfim, dar resposta cabal seria repetir grande parte das notas da edição.

PGL: Que procedimento seguiu para o tratamento da etnografia, o folclore e especialmente a toponímia, nas notas de rodapé?

HM: As de rodapé procuram ajudar uma leitura fluida e inteligível dos leitores de língua oficial portuguesa, se breves. As finais são mais desenvolvidas. Mas não fui consequente. Há notas de rodapé algo extensas, quase sempre da autoria de Ângelo Brea. Suponho que algo inconscientemente deixei para as finais a métrica, as considerações sobre o fundo psicológico ou social, e quase todas as notas etimológicas ou etnográficas de cariz novidoso.

PGL: Contou com muitas colaborações desinteressadas neste trabalho? Que motivações moviam estas pessoas?

HM: Com Ernesto Vasques Souza compartilhamos as linhas gerais da edição. Devo destacar o contributo de Ângelo Brea, que preparara uma edição do livro e que a brindou generosamente; dela tirei ideias agudas e apontamentos de história, geografia e etnografia, geralmente incluídos nas notas de rodapé. E lembro as mensagens, muitas, cruzadas com Carlos Durão, Fernando Vasques Corredoira e Crisanto Veiguela Martins, que assumiram as revisões dos textos. Sem eles a edição não teria saído.

Falar em motivações é psicologia facílima neste caso. Carlos também anda longe e a saudade explica muito. Quanto aos outros... antes falei na necessária resistência heroica dos que moram no estado. Só como bons e generosos se compreende comprometerem às vezes o pão, num meio misteriosamente rígido, permeado de ares de mudança, mas ainda cheio de pétreas durezas seculares.

PGL: Como viu a colaboração por Internet com corretores na Galiza, Londres, um editor técnico em Valhadolid e um editor-impressor em Barcelona?

HM: Facílima. Pela idade ainda estou pasmo pela súbita abertura do horizonte que produziu a informática. Que parte tem estar eu na diáspora mais distante? Pois diria que serviu a libertar-me de ligaduras que me travariam estando no vórtice. A distância abriu a consciência da identidade a cada um dos galegos que a cobraram. A mim deu-me uma torre de marfim donde enxergar o passado.

PGL: Cantares Galegos e o Sempre em Galiza são dous livros basilares na identidade e a literatura do país. Agora ambos estão na ortografia comum e disponíveis para todo o nosso universo linguístico. É de esperar que se continue este processo de adaptação de clássicos?

É de aguardar. Creio que acontecerá. Não acontecer seria perder o destino. Não só cabe ter esperança; pressente-se o processo como inadiável, e também como grato, como uma tarefa aprazível que convoca. O dos clássicos, ou “clássicos”, tem algo. Esta será a prova do seu valor. Rosalia é génio universal e aspiro a ver edições dignas de Folhas Novas e, apesar de tradução, também de Nas Ribas do Sar. Salva-se muito de Curros. E pouco de Pondal, confesso, inda que me enforquem e apesar de compartilhar o pendor para os celtas.

Chega tarde o labor? Boa pergunta. Nunca é tarde se o corpo ainda alenta. Na história os tempos são diversos dos humanos individuais. Na mocidade sempre imaginamos chegar a ver os frutos procurados. Mas a história acelera. As prioridades? Tudo é prioritário. Aqui e sempre o paradoxo é guia. O corpo vive se todas as funções trabalham a par. Mas não há lugar para desesperos; lembremos a semente. Desesperar não, trabalhar como se todo dependesse só de nós. O que não façamos nós ninguém no-lo fará.

PGL: Que questões de respeito se suscitam ao intervir numa obra tão simbólica como a de Rosalia?

HM: Escrúpulos muitos, mas o decoro académico já não é meu cuidado. Aqui –e suponho que aí também– há muita burocracia e olhar de esguelha, pouca segurança nas opiniões sinceras. Pus por juiz à mesma Rosalia. Creio sinceramente que ela subscreveria os critérios assumidos, que são os que explicitou.

PGL: Por que uma pola de tojo como portada?

HM: Não sei, não a desenhei. Suponho que é emblema da Terra, a simbolizar algo a par útil, rude, pungente, de formosura perdurável. Como todo símbolo é inefável, ao invés do signo que é discreto. Provavelmente é um símbolo verdadeiro, objeto cheio de conteúdos profundos, difíceis de definir.

Fonte original:

AGLP assina três novos protocolos

  • Escrito por: Webmaster2
  • Categoria: Info Atualidade
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ISCTE

A Academia Galega da Língua Portuguesa vem de assinar
mais três protocolos de colaboração com entidades lusófonas

 O presidente da Academia Galega, José-Martinho Montero Santalha, tem anunciado publicamente a assinatura dos protocolos com a Academia das Ciências de Lisboa e o Instituto Universitário de Lisboa durante a jornada do II Seminário de Lexicologia realizado em Santiago de Compostela o passado sábado 25 de setembro.

E mais recentemente tem-se formalizado o protocolo com a Sociedade de Língua Portuguesa, instituição fundada em 1949 e vocacionada para a investigação, difusão e defesa da Língua Portuguesa, que atualmente mantém o serviço digital Ciberdúvidas de grande sucesso na Internet.

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