Info Atualidade (426)

Higino Martins: «A esperança, ao editar Rosalia, baseia-se na convicção de que tem poder para mudar a consciência nacional galega»

Entrevista ao professor Higino Martins,
coordenador da edição em AO de Cantares Galegos

PGL - O professor Higino Martins realiza mais uma achega à literatura galega e à nossa história. A edição segundo o Acordo Ortográfico de 1990 dos Cantares Galegos, de Rosalia de Castro constitui uma das publicações mais destacadas da Galiza neste 2010, sobretudo a nível internacional.

O Portal Galego da Língua contactou-o para conhecer o que oferece o interior deste clássico readaptado, e as considerações de uma das cabeças que engendrou tão importante e complicado encargo, que agora vê a luz graças a Edições da Galiza (em colaboração com a AGLP) que se pode comprar na loja Imperdível.

PGL: Como foi recebida esta nova edição de Cantares Galegos?

Higino Martins: Morando em Buenos Aires, onde não há distribuição, não estou em condições de o valorizar. Através da Rede e dos correios, os ecos parecem positivos. Ao cabo, em mim o maior peso tem-no a convicção da potência da obra de Rosalia.

PGL: Qual o objetivo desta nova edição do clássico de Rosalia?

A esperança, ao editar Rosalia, baseia-se na convicção de que tem poder para mudar a consciência nacional galega. É a única figura de talhe universal da literatura galega moderna, de um nível difícil de abranger antes de sumir-se nela, talvez pelo mito enervante que a rodeia, amiúde manipulado pelos renuentes da identidade.

PGL: Desde onde se está mostrando mais interesse nesta edição dos Cantares Galegos?

HM: Distinguiria dous campos, os dous com diversos graus de dificuldade na promoção. No internacional, nomeadamente os países de língua portuguesa, a termos históricos os frutos vão ser fulminantes. O valor simbólico da Galiza para eles é fulcral, prioritário. Solucionar a questão galega e fundacional para o seu futuro. Aí só há questões técnicas de distribuição editorial e a necessidade da nossa mínima perseverância.

O campo galego tem problemática similar, mas dificuldades maiores. A distribuição tem em contra enormes obstáculos, os recursos do estado espanhol, contra os quais só quadra opor uma resistência heroica. Parece tarefa de Sísifo, mas podemos ter confiança. Há forças não muito visíveis a colaborar. A semente sempre é pequena e na terra invisível; ao cabo chega a produzir grandes árvores.

PGL: Quanto tempo levou a adaptação?

HM: Difícil responder brevemente. A computar o precedente da edição da Caixa Ourense de 1986, seriam trinta anos. Ora bem, as mudanças da atual são a sequela do Acordo de ’90. Logo quadra dizer que se precipitaram, fulminantes, desde o momento em que a AGLP decidiu editar os clássicos começando por Cantares. Foram meses, o tempo de enviar os textos quase ao voo do teclado, cruzar opiniões e polir as provas.

PGL: Que pautas seguiu para as atualizações ou modificações da escrita Rosalia aos tempos de hoje?

Começaram sendo ortográficas e continuaram pela peneira léxica. O patamar de 1986 ficava aí, com critérios semelhantes ao da proposta da AGAL na altura. Mas nos últimos anos notei que a minha proposta reintegracionista do ano ’77, ao iniciar em Buenos Aires os cursos de galego, lúcida e aqui eficaz, globalmente não atingia resultados suficientes. Na Terra não chegava perante a magnitude de meios do estado. O recuar do número de falantes a meu ver robora a premente necessidade de reforçar duas notas: o orgulho profundo da identidade e, a par, o nível científico da língua a usar.

É preciso que o instrumento a opor à língua imperial seja de parelha dimensão. No caso do galego-português, como no do catalão, a única via de salvação é romper o feitiço do nome da língua. Do nome da língua e da prática culta correspondente. Os obstáculos internos na alma dos galegos pode rastejar-se mesmo em Pondal, tão orgulhoso em aparência e tão dubitativo na correspondência.

Sei que a pergunta quer resposta concreta. Ponho o modelo de coexistência de alemão e bávaro. Reservo os rasgos dialetais para textos de tom local ou folclórico. Mesmo aí tento atenuar a imagem gráfica diferente, com regras ad hoc: comĩ em vez de comim. Tal qual faz o português reivindico nesses casos ũa.

No caso presente, procurou-se brindar o clássico galego ao conjunto do grande domínio linguístico. Logo as regras são as da língua geral, para centos de milhões. Aí mesmo reivindico todos os rasgos dialetais recebidos pela norma portuguesa (douscousa, etc.), que são testemunhos longes da espera de que fomos objeto sem cairmos na conta.

PGL: Que dificuldades técnicas apresenta adaptar um texto galego clássico a uma norma em construção como é a do português da Galiza?

HM: Não maiores que as do estudo da história da língua. Os falares galegos são os restos maravilhosos da língua comum, têm a vantagem de ser um tesouro que venceu o túnel do tempo. A fantasia de viajar no tempo nas nossas mãos.

Nessas circunstâncias, o processo é similar ao do norueguês, do checo ou do hebreu. Certo que ainda sem os recursos do estado, pelo que cumpre opor a resistência heroica, que muitas vezes compromete o pão.

PGL: Como se consegue esse equilíbrio entre respeito pela tradição mais ao texto e a modernidade?

HM: O equilíbrio é resultado natural da busca. Com paciência sempre aparece a solução. Aliás, a língua popular costuma ser mais constante do que a cultivada nos níveis cultos, sempre mais flutuante. Plauto, arcaico, é mais próximo do vulgar que os escritores da idade de prata.

PGL: Sendo poesia, quais os problemas de respeitar os ritmos, fonotática, prosódia do texto e a habilidade rosaliana para a pauta musical da poesia?

HG:  Deve respeitar-se a obra, a autora e a par ter a máxima fidelidade ao génio da língua. Não tanto nos Cantares, vindos da lírica popular, quanto em Folhas Novas, mais dependente da poesia escrita espanhola, às vezes em Rosalia há sinalefas do castelhano. Cumpre focá-lo com cautela.

A medida e os ritmos acentuais são invioláveis. A competência musical de Rosalia –a meu ver ainda pouco conhecida– é pasmosa. Isabel Rei revelou-me dados biográficos que a mostram como virtuosa em vários instrumentos. É no campo léxico onde ousei embrenhar-me. Às vezes foi preciso traduzir, já em 1986. Eis sabrosas siriguelas mudadas em soborosas ameixas do poema 5, verso 172. Enfim, dar resposta cabal seria repetir grande parte das notas da edição.

PGL: Que procedimento seguiu para o tratamento da etnografia, o folclore e especialmente a toponímia, nas notas de rodapé?

HM: As de rodapé procuram ajudar uma leitura fluida e inteligível dos leitores de língua oficial portuguesa, se breves. As finais são mais desenvolvidas. Mas não fui consequente. Há notas de rodapé algo extensas, quase sempre da autoria de Ângelo Brea. Suponho que algo inconscientemente deixei para as finais a métrica, as considerações sobre o fundo psicológico ou social, e quase todas as notas etimológicas ou etnográficas de cariz novidoso.

PGL: Contou com muitas colaborações desinteressadas neste trabalho? Que motivações moviam estas pessoas?

HM: Com Ernesto Vasques Souza compartilhamos as linhas gerais da edição. Devo destacar o contributo de Ângelo Brea, que preparara uma edição do livro e que a brindou generosamente; dela tirei ideias agudas e apontamentos de história, geografia e etnografia, geralmente incluídos nas notas de rodapé. E lembro as mensagens, muitas, cruzadas com Carlos Durão, Fernando Vasques Corredoira e Crisanto Veiguela Martins, que assumiram as revisões dos textos. Sem eles a edição não teria saído.

Falar em motivações é psicologia facílima neste caso. Carlos também anda longe e a saudade explica muito. Quanto aos outros... antes falei na necessária resistência heroica dos que moram no estado. Só como bons e generosos se compreende comprometerem às vezes o pão, num meio misteriosamente rígido, permeado de ares de mudança, mas ainda cheio de pétreas durezas seculares.

PGL: Como viu a colaboração por Internet com corretores na Galiza, Londres, um editor técnico em Valhadolid e um editor-impressor em Barcelona?

HM: Facílima. Pela idade ainda estou pasmo pela súbita abertura do horizonte que produziu a informática. Que parte tem estar eu na diáspora mais distante? Pois diria que serviu a libertar-me de ligaduras que me travariam estando no vórtice. A distância abriu a consciência da identidade a cada um dos galegos que a cobraram. A mim deu-me uma torre de marfim donde enxergar o passado.

PGL: Cantares Galegos e o Sempre em Galiza são dous livros basilares na identidade e a literatura do país. Agora ambos estão na ortografia comum e disponíveis para todo o nosso universo linguístico. É de esperar que se continue este processo de adaptação de clássicos?

É de aguardar. Creio que acontecerá. Não acontecer seria perder o destino. Não só cabe ter esperança; pressente-se o processo como inadiável, e também como grato, como uma tarefa aprazível que convoca. O dos clássicos, ou “clássicos”, tem algo. Esta será a prova do seu valor. Rosalia é génio universal e aspiro a ver edições dignas de Folhas Novas e, apesar de tradução, também de Nas Ribas do Sar. Salva-se muito de Curros. E pouco de Pondal, confesso, inda que me enforquem e apesar de compartilhar o pendor para os celtas.

Chega tarde o labor? Boa pergunta. Nunca é tarde se o corpo ainda alenta. Na história os tempos são diversos dos humanos individuais. Na mocidade sempre imaginamos chegar a ver os frutos procurados. Mas a história acelera. As prioridades? Tudo é prioritário. Aqui e sempre o paradoxo é guia. O corpo vive se todas as funções trabalham a par. Mas não há lugar para desesperos; lembremos a semente. Desesperar não, trabalhar como se todo dependesse só de nós. O que não façamos nós ninguém no-lo fará.

PGL: Que questões de respeito se suscitam ao intervir numa obra tão simbólica como a de Rosalia?

HM: Escrúpulos muitos, mas o decoro académico já não é meu cuidado. Aqui –e suponho que aí também– há muita burocracia e olhar de esguelha, pouca segurança nas opiniões sinceras. Pus por juiz à mesma Rosalia. Creio sinceramente que ela subscreveria os critérios assumidos, que são os que explicitou.

PGL: Por que uma pola de tojo como portada?

HM: Não sei, não a desenhei. Suponho que é emblema da Terra, a simbolizar algo a par útil, rude, pungente, de formosura perdurável. Como todo símbolo é inefável, ao invés do signo que é discreto. Provavelmente é um símbolo verdadeiro, objeto cheio de conteúdos profundos, difíceis de definir.

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Guerra da Cal e AGLP em Exposição sobre a Língua


Área de Normalização Linguística da Deputação Provincial da Corunha vem de promover a exposição itinerante “A língua galega: história e direitos lingüísticos”, na qual se referenciam vultos históricos do reintegracionismo como Guerra da Cal ou João Vicente Biqueira trazendo ainda entrevistas a figuras contemporâneas como o académico da AGLP Higino Martins.

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AGLP em Florianópolis no 9º Didascálico - Mostra de Arte e Cultura

Cartaz 9º Didascálico - Mostra de Arte e Cultura

Entre os dias 20 e 24 de setembro, o Instituto Federal de Santa Catarina-IFSC realiza em Florianópolis o 9º Didascálico - Mostra de Arte e Cultura. Por segundo ano o Instituto Cultural Brasil-Galiza  e a Academia Galega da Língua Portuguesa integram o evento apresentando literatura galega e outros aspectos histórico-culturais da Galiza.

Ao todo, serão apresentados ao público brasileiro a mostra literária de 8 escritores galegos, elaborados especialmente para esta ocasião, versando sobre o tema "Você vive sem a arte?".

Esta 9ª edição do Didascálico- IFSC, com uma programação [PDF] intensa  exibirá filmes, peças teatrais, apresentações de dança e música, mostra literária, além de oficinas de arte. Em 2009, o evento contou com um público de cinco mil pessoas, entre alunos e comunidade. Para 2010, a coordenação espera um número bem mais elevado de visitantes.

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No Centenário de Ernesto Guerra da Cal

José Paz Rodrigues

O didata e pedagogo tagoreano José Paz Rodrigues, académico da AGLP, está a divulgar nestes dias a figura de Ernesto Guerra da Cal  através de uma peça de opinião publicada em vários meios de comunicação da Galiza. Nessa peça, que reproduzimos a seguir, lembra a homenagem que diversos coletivos e pessoas  renderam ao saudoso professor no passado dia 17 de maio em Santiago de Compostela.

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8º Colóquio Anual da Lusofonia

Colóquios da LusofoniaPGL – De 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 terá lugar em Bragança o 8º Colóquio Anual da Lusofonia, 12º no total, em que se juntarám as três Academias de Língua Portuguesa. Mais um ano, será notável a presença galega, com seis oradores.

Presentes no Anfiteatro Dr. Paulo Quintela de Bragança (Portugal) estarám Adriano Moreira (Vice-Presidente da Academia de Ciências de Lisboa), que se junta aos Patronos dos Colóquios desde 2007 João Malaca Casteleiro (Classe de Letras, 2ª Secçom – Filologia e Linguística, da Academia de Ciências de Lisboa), e Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras) e onde estarám também o convidado de 2009, escritor Dr. Cristóvão de Aguiar, e o Dr. Ângelo Cristóvão (da Academia Galega da Língua Portuguesa).

Entre outros actos, o 8º Colóquio acolherá umha sessom especial sobre literatura (de matriz açoriana) e traduçom na que participarám Cristóvão Aguiar, Rosário Girão, Zélia Borges, Ilyana Chalakova e Chrys Chrystello. A ediçom deste ano, conta ademais com 47 oradores e dezenas de presenciais representando os seguintes países, regiões e universidades: Portugal (19), Brasil (12), Galiza (6), Açores (4), Bélgica (1), Macau R. P. China (1), Espanha (1), Bulgária (1), Nigéria (1), Ucrânia (1) e Roménia (1).

Haverá tempo ainda para a apresentaçom e lançamento de livros, integrados numha mostra de obras açorianas, havendo música açoriana, música galega, duas representaçons teatrais de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Catarina, Brasil e sessons de poesia (galega, portuguesa e brasileira).

Finalmente, debaterám-se propostas e projectos dos Colóquios: Planos de Acçom/Conclusons. Propostas/Projectos para 2010, Museu Virtual da Lusofonia/Língua, Acordo Ortográfico, Diciopédia, Crioulos de Origem Portuguesa, Estudos Açorianos, Estudos Transmontanos, o 13º Colóquio de 2010 em santa Catarina no Brasil  etc.

Oferecemos a seguir a listagem de temas em debate:

1. Homenagem contra o esquecimento (Autores sugeridos)

1.1. Carolina Michaёlis

1.2. Leite de Vasconcellos

1.3. Euclides da Cunha

1.4. Agostinho da Silva

1.5.Rosalía de Castro

1.6. Gulamo Khan (Moçambique 1952-1986)

1.7. Outros autores esquecidos


2. Lusofonias:

2.1. Debate sobre questons e raízes da Lusofonia.

2.2. A vigência do 2º Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de 1990

2.3. Promoçom da Língua Portuguesa (2ª língua/língua estrangeira)

2.4. Ponto da Situaçom da Língua Portuguesa no Mundo.

2.5. Léxicos da Lusofonia.

2.6. Lusofonias e Insularidades

2.7. Criaçom de umha base de dados sobre Estudos de Crioulos da Língua Portuguesa


3. Traduçom:

3.1. Traduçom de autores portugueses

3.2. Tradutores de Português e Tradutores para Português

3.3 Traduçom e  novas tecnologias

 

4. Propostas de dinamizaçom dos projectos dos Colóquios da Lusofonia:

4.1. Diciopédia

4.2. Crioulos de origem portuguesa, criaçom de umha base de dados

4.3. Museu da língua/museu virtual da lusofonia

4.4. Estudos açorianos na Unisul (universidade do sul de santa catarina)

4.5 Estudos transmontanos

 

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Arranca em Bragança a ediçom 2008 dos Colóquios Anuais da Lusofonia

Colóquios da LusofoniaPGL - Desde o dia 2 de Outubro, até ao domingo, dia 5, irám decorrer em Bragança os Colóquios da Lusofonia, que atingem já a sua 7ª ediçom. O tema central deste ano está subordinado ao título ''A Língua Portuguesa e Crioulos: um enriquecimento biunívoco''. A organizaçom do evento conta com a colaboraçom da Associação de Amizade Galiza e Portugal.

Relativamente à participaçom galega, marcarám presença Ângelo Cristóvão, com a comunicaçom «O processo de criação da Academia Galega da Língua Portuguesa» (sessom 5, dia 4, 11h45); António Gil Hernández, com o trabalho «Crioulo institucionalizado contra português galego (ou português da Galiza): reflexões desde o nome dado à Galiza pelas instituições do ‘Reino de Espanha» (sessom 5, dia 4, 12h05); José Manuel Barbosa, que apresentará «Alguns aspectos a salientar da (pré-)história da língua» (sessom 8, dia 5, 10h10); e Artur Alonso Novelhe, que falará sobre «Um novo olhar sobre a poesia galega» (sessom 9, dia 5, 11h15).

Ainda, e na sequência das actividades paralelas que oferecem os Colóquios da Lusofonia, no dia 2 está agendado um recital de música folclórica da Galiza, e no dia 4 actuarám o Clube dos Poetas Vivos. Ambas actividades marcadas para as 21h15.

Para se informar do programa completo a organizaçom tem disponibilizada uma página web com abundante material para descarregar e informaçom pormenorizada do evento.

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13º Colóquio da Lusofonia / 5º Encontro Açoriano da Lusofonia

Colóquios da LusofoniaPGL – Entre os dias 5 e 9 de Abril, Açorianópolis (Florianópolis) recebe as 3 Academias de Língua Portuguesa para debater a Açorianidade e a Literatura Açoriana sob o signo do novo acordo ortográfico.

O evento, que está na sua 13ª edição, acontece desde 2001 nos Açores e em Bragança, Portugal. Desta vez, terá lugar em Florianópolis, no Brasil.

O Açorianópolis, que terá suas atividades concentradas no Teatro Pedro Ivo, na SC-401, contará com a presença dos professores Doutores  João Malaca Casteleiro (Classe de Letras, 2ª Secção – Filologia e Linguística, da Academia de Ciências de Lisboa), e Evanildo Cavalcante Bechara (Academia Brasileira de Letras) patronos dos Colóquios e representantes da Academia Galega da Língua Portuguesa.

A participação de 2010 conta com 53 oradores e dezenas de participantes presenciais representando os Açores, Austrália, Brasil, Bélgica, Canadá, França, Galiza, Rússia, Macau, Moçambique e Portugal. Igualmente de salientar a presença numa sessão sobre literatura de matriz açoriana do escritor convidado Vasco Pereira da Dosta.

Mais um ano, a Galiza estará presente nos colóquios

No evento, poderá ser presenciado o lançamento de seis livros, integrados numa mostra de autores e obras açorianas, havendo música açoriana, fado, sessão de poesia (Açores, Galiza e Brasil), três representações teatrais entre várias atividades integradas no corpo das sessões.

Nesta linha, os organizadores apontam: «Pretendemos levar os Açores ao mundo. Independentemente da sua Açorianidade, mas por via dela, pretendemos que mais lusofalantes e lusófilos fiquem a conhecer esta realidade com todas as suas peculiaridades, trazendo aos Açores outras vozes para que desse intercâmbio se possa difundir a verdadeira cultura açoriana».

Os Colóquios, desta feita no Brasil

A realização do Açorianópolis – em alusão ao colóquio acontecer em Florianópolis – foi possível através de acordo firmado com o governo de Santa Catarina, e pela primeira vez o evento sairá das terras portuguesas e açorianas, vindo para o Brasil. Dentro da programação, a comitiva oficial deverá visitar bairros de colonização açoriana como Pântano do Sul, Ribeirão da Ilha e Santo Antônio de Lisboa, além das fortalezas mantidas pela UFSC. O Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade também receberá os participantes.

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AGLP explorará origens da escrita com nova Sociedade Internacional

Signum: International Society for Mark Studies

A AGLP vem de apoiar o estabelecimento the "Signum: International Society for Mark Studies" (Sociedade Internacional para o Estudo das Marcas), uma associação cooperativa transdisciplinar centrada na pesquisa sobre marcas não linguísticas, com especial interesse para a compreensão das origens do fenómeno da escrita nas sociedades humanas.

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Português da Galiza no FLiP 8

Ângelo Cristóvão

Ângelo Cristóvão (*)

Desde 1 de agosto está à venda a oitava atualização do reconhecido programa FLiP, da empresa Priberam Informática, com sede em Lisboa. Como novidades destacadas, a nova versão permite o seu uso com o pacote de programas OpenOffice, introduz o Dicionário Priberam e outras variedades nacionais da língua.

Além das tradicionais de Portugal e do Brasil também aparecem as de Angola, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Timor.

Duas observações devem ser feitas num primeiro momento. Por um lado, há um efeito simbólico ao aparecerem, na opção de configuração, as bandeiras desses países entre as “variedades de português”. Por outro, representa uma mudança na forma de perceber a língua. Onde antes eram reconhecidos dous atores principais, agora abre-se a porta, definitivamente, à diversidade, o que não porá em risco a unidade da língua. Estas novas opções inscrevem-se dentro do português europeu, o que obedece à história.

Os leitores atentos sabem que estas mudanças têm muito a ver com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, em que participou uma Delegação de Observadores da Galiza. Com efeito, é o contexto em que se está a criar esta nova forma descentralizada de conceber o português. Poderia dizer-se também que a Priberam não quer ficar à margem da evolução da língua. O FLiP 8, ao integrar novas variedades, aproxima-se dos mercados destes países, entre os quais uma potência africana emergente como Angola. Por outro lado, a simbiose do FLiP com o pacote Office da Microsoft facilita também o reconhecimento e divulgação dessas variedades da língua comum.

Captura de ecrã do FLiP 8

Captura de ecrã do FLiP 8, com a variedade galega no menu de opções

A inclusão de léxico da Galiza no FLiP 8 responde ao trabalho da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da Academia Galega da Língua Portuguesa, entidade criada em 20 de setembro de 2008, e cujo Léxico da Galiza, com mais de 1200 entradas, está a ser integrado em vocabulários e dicionários de uso geral. O Protocolo de Cooperação assinado com a Priberam implica que mais conteúdos diferenciais do português galego serão acrescentados à língua comum através dos produtos desta empresa.

O reconhecimento da Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, a participação em eventos internacionais, assim como as relações estabelecidas nos últimos 12 meses com mais de 20 instituições de todo o espaço lusófono, são o principal aval à atuação da AGLP, que vai ocupar o lugar de destaque que lhe corresponde na elaboração da norma galega do português, e na representação do nosso pais no âmbito académico internacional.

As importantes novidades produzidas pelo reintegracionismo linguístico nos últimos anos, e a multiplicação das suas atividades em todos os âmbitos da sociedade galega, são um sintoma claro da sua capacidade e maturidade, demonstrando a cada passo estar em condições de adquirir um maior protagonismo, nomeadamente no desenho das políticas linguísticas. Neste sentido, a colaboração entre a Academia e as associações culturais, desde o respetivo âmbito de atuação institucional e de responsabilidade social, deve continuar a ser um facto quotidiano, vistos os resultados positivos de que já todos temos conhecimento.

(*) Ângelo Cristóvão é secretário da Academia Galega da Língua Portuguesa.

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